MADRE CERVEJA DE CALCUTÁ

by 5.3.15 16 comentários

Minha amada que me desculpe
Mas hoje me espera aquela cerveja gelada
Pra descansar o corpo do trabalho árduo
E des(anu)viar a cabeça embaralhada

Já estou à caminho
E os amigos que me encontrem no local de sempre
Esquina da Rua Andriola
Bem ali, logo em frente  
Onde a cerveja é no ponto
E o churrasco, excelente!

Minha amada que me desculpe
Mas hoje não tenho hora pra voltar
Não é que eu não a ame
Mas hoje vou descansar
Conversar, conversar, conversar
E, claro, me embriagar

Traz mais uma, seu Zé
E dois pés de frango!
Não gosto muito dos pés
Mas não reclamo
Meus amigos adoram
Os petiscos de frango

Minha amada que me desculpe
Mas essa cerveja está maravilhosa
Talvez eu nem volte pra casa
Pra minha esposa amorosa

Meus Deus, o que estou dizendo?
É claro que vou voltar
Não vivo sem minha amada
Nem penso em lhe preocupar
Mas antes, mais uma cerveja
Certeza, vou me embriagar

Minha amada que me desculpe
Mas não há preço que possa pagar
Nem dinheiro que dê pra comprar
O prazer da mesa de bar

O sol surge no horizonte
E me dou conta que os amigos se foram
O sono chega, finalmente
Para casa vou cambaleante
Embriagado como os outros
Mas contente, contente 

Minha amada que me desculpe
No caminho, pus-me a baldear
Não é de meu feitio tais ações
Só em dias que me deixo embriagar

E o sofá já me espera, certamente
Como em outros dias de bar
O corpo, o móvel mais nem sente
De tão acostumado que está
E aos gritos frenéticos de minha amada
Ponho-me à repousar
Certo que quando acordar
Estará ela
Ali
À me amar.

Girotto Brito

Escritor

Poeta e contista, autor do livro "Os três lados da moeda: vida e morte em poesia" e colaborador em diversas antologias de contos.

16 comentários:

  1. Ah, muito bom o poema, bem colocados os versos, "des(anu)viar"a cabeça, rsrs, mas depois vem a dor de cabeça,rsrs!
    Abraços apertados meu novo amigo Dênis!

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    1. É verdade, Ivone, sempre tem a dor de cabeça no dia seguinte. rsrs Obrigado pela visita e pelo elogio. Grande abraço!

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  2. Puxa, poema interessante, Dênis!
    Todo mundo precisa de um tempo sozinho para pensar, conversar com os amigos, beber, risos. Mas isso não quer dizer que estamos deixando de lado a pessoa que amamos.
    Bonita pessoa que está sempre ali "á nos amar" e que sabe respeitar isso.
    Parabéns, poeta!

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    1. Certamente que precisa, Carol. Essa descontração de conversar besteira com os amigos e tomar uma cervejinha é essencial para esquecer um pouco as responsabilidades cotidianas que tanto nos estressam. Obrigado pela visita. Bjão.

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  3. "Nem dinheiro que dê pra comprar
    O prazer da mesa de bar"

    é só chamar, sei que amada não se importará comigo kkkk
    boas noites de sono no sofá maninho

    Desconstruindo blog

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    1. Opa! Na hora.
      O sofá daqui de casa é até confortável. kkk

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  4. Olá Dênis.

    Ja passei por aqui mas acho que o comentário não enviou. Minha conexão não anda muito boa.
    Obrigada pelo passeio no Asas e pelas palavras. Que bom que gostou de lá. Você sera muito bem vindo sempre viu. Amei tua visita!
    Maravilhoso teu blog. Levando o link para voltar sempre que for possível.

    Bem descotraido o teu poema, mas...
    Cuidado com essa loira gelada.
    Ela, as vezes é bem complicada.
    E que te perdoe, a tua amada.
    (Risos)

    Abraços, poeta.
    Eu volto....

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    1. Nada melhor do que comentar um poema com outro poema rsrs
      Voltarei sim, Lu. Adorei seu blog. e obrigado pela visita. Abraços!

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  5. HAHA Adorei!
    Às vezes só aquela madre cerveja para nos salvar de nossos demônios rs
    Me lembrou Chico Buarque, muito bom!
    beijos.

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    1. Verdade, Lu Sam. Às vezes a cerveja nos salva dos nossos demônios, mas também podem nos aproximar deles. Rsrs.

      Obrigado pela visita. Bjão!

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  6. Muito bom Dênis, criativo e divertido!! haha

    Parabéns pela versatilidade e a alta qualidade que sempre vejo por aqui!!

    Abraços

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  7. Olá Dênis,
    Fez lembrar dos anos 70, quando muitas vezes íamos pro barzinho. Ficávamos no papo cabeça e no chopp...voltei em várias ocasiões alcoolizada; nem quero pensar. Mas, o poema é muito bom!!!
    Abraços

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    1. Que nostalgia, rsrs. Obrigado pelo elogio e pela visita, Sandra.
      Grande abraço!

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  8. Bom dia, Dênis!

    Muito bom! Adorei!

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